Certa vez andavamos num ônibus qualquer.
Era noite, creio que depois das 22h.
Voltavamos para casa.
Foi quando vimos uma moça negra, longos cabelos trançados até a cintura, shortinho curto e colado. Ia com um grupo de amigos. Sua postura chamou atenção do ônibus inteiro. "Pelo menos eu admito logo que sou passiva". "Quando eu pegar essa bichinha eu não quero que ninguém me tire de cima dela"
De cara achamos ela extremamente interessante.
Forte. Senhora de sí.
Uma amiga ao lado olhou pra ela e disse: "Vai na paz Carol"...
Mas vimos que ela não podia estar em paz, era muita coisa pra fazer, muita coisa pra enfrentar.
Percebemos que Carol está em toda parte.
Carol é toda mulher da favela, toda mulher que tem que ser forte, que cria os filhos, que é negra e que tem direito de pegar o ônibus das 22h pra curtir por ai.
Toda mulher que mata um leão por dia.
Toda mulher com direito a ser feliz e que está sempre pronta a mandar o moralismo da classe média ir se foder.
E fizemos Carol falar das nossas dores, denunciar.
Carol abriu sua boca e dela saiu tempestades.E nunca mais vai se calar.
"ME CALO É PORRA.
VEM CALAR PRA TU VER"
Graças a Carol temos nos fortelecido e ido para cena!
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